terça-feira, 11 de setembro de 2012

Medíocre




      Meu maior medo é ser medíocre...

      Esse temor é tão grande, tão sufocante, que me vejo medíocre.

      E sempre busco mais.
     
Assim, incapaz de gozar qualquer realização, porque não sei se é de fato o bastante, não sei se é significante, relevante...

Me destoo de todo o resto normal, mediano, corriqueiro. Tenho minhas próprias convicções e gostos, mas isso não me faz diferente, não me tira da mediocridade...



     

sexta-feira, 23 de março de 2012

O que fazer?



      O que fazer?

Eu não sei mesmo o que faço nesta situação:

                                                                         Quando se está num breu total, sem qualquer esperança...
                                                                         De repente, um lampejo de luz, uma pequena felicidade....
                                                                         É claro que não é nada comparado ao que se queria, e te foi      
                                                                         tirado ou negado e acabou te deixando na fossa...
                                                                         Mas por um pequeno instante, te dá alguma "felicidade".

                                                                         Então, o que fazer?

                              Se agarrar a isso e contentar-se? Até que a sensação passe e você volta para o buraco.

                                                                                            ou

                              Ignora essa fagulha de "alegria", permanece no escuro? Melancólico...

A verdade é que não importa a resposta, o resultado é o mesmo. O martírio e a infelicidade são infinitos e contínuos, não importando o que haja.
                                                                       

quinta-feira, 22 de março de 2012

O Grito





Incerteza



      Tudo é tão incerto...

No escuro acendo um cigarro, trago
sopro, não consigo ver qualquer fumaça,
apenas a pequena ponta em brasa entre os dedos,
que logo aproximo da boca novamente, e repito por
diversas vezes...

Não é pelo sabor, pela sensação, por nada...
É só desespero, angustia, tensão, medo.

Na lama



      Uma descrição exata da minha vida:

Com os joelhos postos sobre a lama, a cabeça baixa entre as mãos, a vista embaçada pelos olhos marejados, com a boca aberta sem conseguir respirar. Esboçando gritos, que não saem, sem voz... A dor no peito é tão lancinante, parece que o coração vai parar. Mas de fato já parou a muito tempo, congelado, humilhado, rejeitado.

terça-feira, 6 de março de 2012

Indo



      Nem triste, nem alegre...

                                                        apenas vivendo.


A vida nunca é o que esperamos dela.
A realidade sempre fica aquém da expectativa.
A frustração permeia cada pensamento.
A mediocridade é sempre presente.

                                                                                   

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Libertação



      Na verdade, viver ainda tem um significado.

      Só um, depois de tudo que já vi.

       Não é esperança, sonho, nada.


É só um desejo, um dia tudo que passei valerá a pena. Todas as coisas as quais tive que me sujeitar, tudo que deixei de fazer, a soma de tudo que perdi por fazer o que não gosto, nem nunca quis. Enfim, o resultado...

quando chegar esse glorioso dia, eu quero somente manter meu dedo médio em riste e apontá-lo a todo mundo. Ignorar as bobagens que falam, e me expressar como quero, não tendo que suportar mais o peso de uma carapaça esculpida para atender à sociedade.


                                                                                                só isso...

Vivendo



      Nunca vi alguém que como eu vive, não querendo.

insuflo meus pulmões de ar, desejando que fosse a última vez

sinto meu coração bater, bombeando sangue, (...)

Enfim, viver não faz sentido,                                            ainda.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Dias cinzas



     Uma das poucas coisas que ainda me satisfazem são dias nublados.

O cinza do céu se confunde com meu rosto inexpressivo e indiferente, me camuflando e isolando do restante das pessoas. Tudo que eu preciso para ter paz: a solidão.

Sim, ficar sozinho é melhor que tolerar a tolice alheia.

Todos tão certos de suas convicções inúteis. Pobres marionetes controladas por pactos sociais, regras.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Expectativas



Expectativas: a vida é cheia delas.

Ainda mais quando a pessoa tem muito esperança.

Mas na mesma proporção, tem-se as frustrações, advindas das expectativas não realizadas.

Então a vida é amarga.
Você fica amargo.
E às favas com a felicidade alheia.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Riso irônico II



      Vencido e vencedor, o ciclo se fecha, a vingança está feita, você está exultante, indiferente quanto ao estado de espirito do outro. 

      Mas então vem o vazio, você só queria estar com ela, vivendo a felicidade dos tolos. Se pergunta se agiu errado. Arrepende-se?

      Não, mantenha-se na sua superioridade adquirida, às favas qualquer resquício de sentimento existente. E bem vindo ao clube, onde você pode ser o superior da situação, mas é um medíocre triste e arrasado por não ter quem quer.  

Riso irônico



      O melhor da vingança é o riso: aquele momento em que você passa pela vítima, encara, e dá um sorriso só com um dos cantos da boca e aperta os olhos. 

      Este é o momento mais sublime, quando a alma se lava, e qualquer mal que te foi feito se dissolve. A superioridade te é inata, e na terra não há ser mais poderoso que você mesmo.

      As palavras que rodeiam a cabeça, um discurso perfeito,  onde o "lembra o que me fez?", é a frase de ouro. Mas no silêncio a vingança fica mais séria, mais fria, como se deve ser. 

      E o "grand finale" fica por conta do olhar também: aquela singela baixada deste, que o oponente de oferece, vencido não há outra reação. Olhos ao chão. 


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Odeio amar



      Eu nunca tive a pretensão de que alguém gostasse de mim. Não mesmo, se nem eu mesmo gosto, por quê alguém mais gostaria?

      Só esperava não gostar de ninguém. Mas, infelizmente... Eu amo, e é tão forte. Anos se passaram, mas ainda assim, parece ontem a primeira vez que a vi.

      Sei que amor a primeira vista é clichê, chavão, ridículo. Mas juro que foi assim.

      Como era de se esperar: não foi recíproco.

Isso explica as trevas em que vivo, a melancolia das minhas horas, as lagrimas das minhas noites. O inferno da minha existência.

Espero o dia em que tudo isso terá fim...

Versos Íntimos - Augusto dos Anjos


Versos Íntimos 

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

                                  
                                         Augusto dos Anjos
                                                                 

Augusto dos Anjos



      Um poeta que dispensa apresentações, com sua obra peculiar que consegue retratar como ninguém a realidade podre deste mundo. Abaixo um trecho de Poema Negro:

"Dorme a casa. O céu dorme. A árvore dorme. 
 Eu, somente eu, com a minha dor enorme 
 Os olhos ensangüento na vigília! 
 E observo, enquanto o horror me corta a fala, 
 O aspecto sepulcral da austera sala 
 E a impassibilidade da mobília."
                                                              Augusto dos Anjos
   

domingo, 29 de janeiro de 2012

Idiota feliz



      A sandice não te parece atraente?
      Ser tolo, alheio, desligado.
      Entorpecido.

      Se não sei, não sofro.
      Não é o que diz o velho chavão: "o que os olhos não veem o coração não sente"?
      Mergulhado numa rotina idiota, cercado de informações inúteis. Enfim: alienado.

Nunca mais me importaria com o "por vir", com o medo da mediocridade, que agora seria uma realidade, mas e daí? Seria feliz por não saber que sou patético. Ligaria a tv todos os dias para acompanhar um reality qualquer, leria somente fofocas, e só sofreria e choraria pelo meu time. Amaria o amor dos idiotas e seria feliz.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Farrapos



      Não suporto o dia: calor, luz, cores...

A alegria vulgar se espalha aos quatro cantos. Todos felizes, por tão pouco ou nada.
E minha felicidade? Sei que a teria com pouco também, mas nem isso eu tenho.


      A escuridão da noite me envolve, e na amenidade desta que reflito...

Arquiteto vinganças enquanto me alimento de ódio.
Mas sempre sucumbo à melancolia, mais forte que eu.



Envolto em farrapos pretos sobrevivo, tendo sempre as vistas ofuscadas por qualquer lampejo de felicidade alheia, pois por menor que seja, é infinitamente maior que qualquer coisa que terei. Que desgraçada a sorte de alguém quando se depende de outro para ser feliz.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Fumaça



      Não tem vontade de ser como uma fumaça?

      Perfeita, sutil, elegante...
      Com a existência verdadeiramente intensa
      e dramaticamente efêmera.

      Se dissipar no ar, indiferente à qualquer um.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Rancor



      E o que fica, depois que o amor vai, te domina.

Cresce e se ramifica por todo o corpo. Todos os cacos que sobraram da pessoa que você foi um dia,
juntam-se e dão forma a uma outra pessoa: rancorosa, fria, indiferente. E isso te faz forte e preparado para
os próximos relacionamentos, nunca mais você se entregará por completo.

      Sobre a pessoa que te deixou, só sobra o desejo de vingança. A vontade de usá-la. Dominar e humilhar.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Amar é sofrer



      Por que as pessoas amam?

que besteira, idiotice: perda de tempo!

Eu amei, uma só vez. Pensei que seria a pessoa mais feliz do mundo.
Preenchido, completo, satisfeito.
Não foi assim... Não deu certo...

E então?
Então eu sofri...

E é este o inevitável fim de todo amor: o sofrimento.

No meu caso foi efêmero, na verdade nem sei se existiu alguma coisa... Mas mesmo assim, o que ficou foi uma angustia, sofrimento, vazio, solidão.



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Lágrimas



     Quando se está deitado em seu quarto, no escuro, com a cabeça voltada para o teto. Sem sono, os pensamentos começam a ganhar velocidade, ressuscitando sentimentos que nunca morreram. Então a respiração começa a ficar pesada, e sente um aperto no peito.

      E quando pensa que vai morrer, tamanha a pressão que sente, os olhos se incendeiam, ardem, para então precipitar uma, duas lágrimas, que escorrem rosto a fora, incomodando.

      Você sabe que o que te angustia nunca irá passar, contudo não se conforma, passa a planejar, confabular, e então o sono vem.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Mário de Sá Carneiro



      Selecionei dois trechos da obra de Mario de Sá Carneiro (Dispersão e 7, respectivamente):

 "Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
 E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim."

 "Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro."

       Este poeta traduz o sentimento dos angustiados e em poucas palavras revela a complexidade da alma perdida e confusa que os atormentados carregam.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Refletindo



      As vezes me sinto um palhaço.

      Não por ser engraçado, claro que não, longe disso.

      Mas por me deixar levar, seguir, acreditar, enfim, por ouvir o que dizem e respeitar. Acatar e pronto.

      Eu não lutei, não me revoltei, antes, aceitei.
      Eu tive opções, mas fui fraco, e ao invés de escolher, deixei escolherem por mim.

      Pra ser sincero, aconteceu mais de uma vez.

      Contudo, mesmo tendo sido guiado até hoje, eu tenho um plano. Garanto que não serei assim até o fim: a liberdade virá, e nunca mais serei um fantoche, nunca mais.






quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Riso Falso



Para esconder toda infelicidade
Toda tristeza imotivada
Que nasce do âmago da alma
Negra e putrefata, que não pensa

Sem razão de ser
Fumaça negra, fétida...

Riso falso para esconder a verdadeira
essência... O excesso de objetivos,
as preocupações idiotas e
materialistas: tudo porque nunca
alcançará o que realmente deseja...

Estante de Livros



Estante de livros
Martírio da madrugada...
Colchão pra que? Travesseiro
quente,
A alma só quer abandonar essa
matéria inútil,
Se descobrir, virar...
Existência que se esvai em fumaça,
Só quero sumir... Pensamentos...
Vento...
Escuridão, vida lenta que passa
rápido.
Lixo a meia luz, convenções...
Passos.

Mente suja não dorme, se aquece,
delira e deseja morrer.

Cansado de ser apenas uma página
branca dentre outras num livro
imoral e pervertido, besta e sem
sentido.

Esperando a decomposição, como
se as larvas trouxessem a
liberdade... Dando à alma nova
chance.

Noites sem Morfeu



      Não sei se é mesmo necessário explicar quem é Morfeu, me parece subestimar a capacidade alheia. De qualquer forma, grosso modo: trata-se de um deus da mitologia grega, responsável pelos sonhos. Noites sem Morfeu são noites áridas, de insonia e angustia. São horas infinitas de tédio, medo, desespero, impotência. São pensamentos sórdidos, planos não realizados, frustrações.
   
      Morfeu abandona os medíocres, é indiferente aos derrotados. Não entrega os bons sonhos aos fracos. E se por um lado Morfeu é ausente, seu irmão, Ícelo (ou Fobetor, como preferirem) é constante, presente, sufocante. Trazendo o pesadelo antes mesmo do sono. Acordado presencio sua força, voraz e faminto consome qualquer expectativa ou esperança. 

      Não tenho a pretensão de que alguém leia, tanto faz. O intuito é desafiar Fobetor, mostrar que nada me assusta. Provar-lhe que sou como ele, rindo dos tolos que se contentam com os "bons sonhos".